Covisa confirma contaminação de 45 pessoas desde março na cidade; doença causada por protozoário é preocupante para grávidas e imunodeprimidos

A Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) de São Paulo confimou nesta terça-feira (14) que a cidade registrou, desde março, 45 casos e três surtos de toxoplasmose em diferentes bairros e regiões.

Os dados são apoiados em denúncias, já que a doença não tem notificação compulsória. Segundo o órgão, não é permitida a divulgação dos estabelecimentos até que se comprove o risco à saúde.
A toxoplasmose é causada por um protozoário transmitido pela ingestão de alimentos contamidados, como frutas e verduras cruas mal lavadas e carne de porco, boi ou ovelha mal passada.

Outra forma de contaminação é por meio do contato com fezes de gato. Mesmo não manifestando a doença, os felinos podem ter o protoário nas fezes. “Até gatos domésticos bem cuidados. Não há como saber”, afirma o infectologista Daniel Wagner Santos, da Sociedade Paulista de Infectologia.

É uma doença que ocorre no mundo todo, exceto em algumas ilhas do Pacífico onde não existem gatos, segundo a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Segundo o órgão, os felinos promovem a dispersão do protozoário.

Doença é grave em gestantes

A doença provoca sintomas brandos, como febre, dor no corpo e cansaço, sendo considerada “auto-limitada”, ou seja, se cura sozinha. No entanto, é preocupante em grávidas e imunodeprimidos, como transplantados e pessoas com HIV, e em casos de surto, como relatados em São Paulo. segundo o médico.
Se contraída durante a gestação, leva a problemas graves no feto, como má formação e perda de visão. Já em imunodeprimidos a toxoplasmose adquire sua forma grave, causando comprometimento nos pulmões e nos olhos.

“O risco não é contrair toxoplasmose antes de engravidar, mas sim durante a gestação, pois, caso ocorra antes, a mulher adquire imunidade contra a doença”, afirma.

Em casos de surto, o inóculo parasitário é alto, o que significa que há grande quantidade do protozoário, de acordo com Santos. “Então, a doença se manifesta de forma mais intensa e prolongada”, explica.

O infectolgista afirma que normalmente surtos em restaurantes são originados por alimentos contaminados pelo protozoário ou água contaminada utilizada durante a higienização dos alimentos.

“A toxoplasmose é uma doença que existe durante o ano inteiro no país. Vale ressaltar que já foram registrados surtos anteriores, por exemplo, em Santa Isabel do Ivaí, no Paraná, com 400 casos, devido a um reservatório de água contaminado, e Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com 700 casos, com causa não definida, mas suspeita também da água, e em Anápolis, em Goiás, por causa da ingestão de quibe cru”, afirma.

Para se proteger da doença, o infectologista orienta a higienizar frutas e verduras com produto próprio para esse fim e não comer carnes mal passadas.
“Em relação às gravidas, a recomendação é tomar cuidado para o que ingere. Em vez de comer no quilo, prefira levar comida de casa”, diz.

A Fiocruz recomenda ainda tratar adequadamente os gatos, oferecendo alimentos secos, enlatados e fervidos, proteger locais de recreação infantil contra o acesso desses animais, lavar as mãos antes das refeições e evitar que as crianças brinquem na areia.

Alimentos de origem animal são mas propensos a ter superbactérias.
Atualmente, as superbactérias vêm chamando a atenção dos médicos e agências de saúde em todo o mundo. De acordo com o infectologista Marcos Vinicius, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, é possível contrair uma superbactéria por meio da alimentação. Ele explica que isso se deve porque cerca de 70% dos antibióticos são destinados à agricultura e à pecuária, fazendo com que as bactérias se tornem mais resistentes e selecionadas.

Fonte: noticias.r7.com por Giovanna Borielo
Imagem: MD saúde

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