Minas Gerais tem três casos confirmados de sarampo, segundo informou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) nesta segunda-feira (13). O número é três vezes maior do que registrado no último boletim epidemiológico divulgado pela pasta, no último dia 22, e trazia um caso importado da doença.
De acordo com a SES, os exames dos dois novos casos foram inclusivos e, por enquanto, não foi possível confirmar se as vítimas contraíram a doença em Minas ou em outros estados – os dois pacientes viajaram nos últimos meses. “Devido à impossibilidade técnica, não foi possível identificar o genótipo das amostras enviadas”, informou a secretaria em nota. Os últimos casos autóctones – quando a doença é transmitida dentro do município – ocorreram em 1997.
Além dos casos que já foram comprovados, outros 13 notificados aguardam resultados clínicos para confirmar ou descartar a doença, que é altamente viral e infecciosa. Até o momento, a enfermidade não provocou nenhuma morte no Estado.
Uma das vítimas de sarampo é moradora de Belo Horizonte e tem 13 anos. A adolescente, portadora de lúpus, também contraiu dengue. De acordo com a SES, em janeiro a menina esteve em Porto Seguro, na Bahia, e em Almenara, no Vale do Jequitinhonha. Ela começou a passar mal em 17 de fevereiro, quando procurou um Hospital de Contagem. Na ocasião foi realizado teste de dengue, que deu positivo.
Pouco mais de três semanas depois, em 6 de março, a adolescente apresentou sintomas compatíveis para sarampo. A vítima voltou a procurar atendimento em Contagem, quando foi orientada a buscar um hospital da capital, onde ficou hospitalizada e isolada. Dois exames realizados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), além da Fiocruz, no Rio de Janeiro, constataram a doença. A adolescente havia sido vacinada com uma dose da tríplice viral em 2011.
Um jovem de 25 anos, que mora em Contagem e não foi vacinado contra a doença, também contraiu sarampo. Ele esteve em Trindade, no Pernambuco, em 28 de fevereiro. Depois dos primeiros sintomas, em 1ª de março, o rapaz foi hospitalizado em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da capital. O caso também foi comprovado pela Funed e pela FioCruz.
Conforme a Secretaria de Saúde, no período em que poderia transmitir a enfermidade, o jovem trabalhou em um condomínio fechado na Grande BH. Em ambos os casos, o Estado realizou o bloqueio vacinal nos familiares e nas unidades de saúde onde as vítimas receberam os primeiros atendimentos.
O terceiro caso, que já havia sido confirmado, é de um italiano morador de Betim, na Grande BH, que importou a doença de outro país. Entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano, o paciente esteve na Croácia e na Itália.
Transmissão
A transmissão do sarampo ocorre de pessoa a pessoa por meio de secreções presentes na fala, tosse, espirros ou até mesmo respiração. Na presença de pessoas não imunizadas ou que nunca tiveram a doença, ela pode se manter em níveis endêmicos, produzindo epidemias recorrentes.
Os sintomas incluem tosse, coriza, rinorréia (rinite aguda), conjuntivite (olhos avermelhados), fotofobia (aversão à luz) e manchas de koplik (pequenos pontos esbranquiçados presentes na mucosa oral). A evolução da doença pode originar complicações infecciosas como amigdalites (mais comum em adultos), otites (mais comum em crianças), sinusites, encefalites e pneumonia, que podem levar a óbito. As complicações frequentemente acometem crianças desnutridas e menores de um ano de idade.
A SES lembra que o sarampo é uma doença viral, infecciosa aguda, grave, transmissível, altamente contagiosa e comum na infância. A doença começa inicialmente com febre, exantema (manchas avermelhadas que se distribuem de forma homogênea pelo corpo), sintomas respiratórios e oculares.
Vacina
A principal forma de prevenção contra a doença é a vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola. Essa vacina está disponível no Calendário Nacional de Vacinação.
Vacinação de rotina:
– Aos 12 meses de idade, a criança deverá receber a primeira dose da vacina tríplice viral.
– Aos 15 meses de idade, a criança deverá receber a segunda dose com a vacina tetraviral (contra o sarampo, a rubéola, a caxumba e a catapora/varicela) ou a vacina tríplice viral e a de varicela monovalente.
– De 02 a 29 anos, caso não tenha nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetraviral, deverão receber duas doses com intervalo de no mínimo 30 dias da primeira dose.
– Gestantes com até 29 anos, caso não tenham nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetraviral, deverão receber NO PÓS-PARTO duas doses com intervalo de no mínimo 30 dias da primeira dose.
– De 30 a 49 anos, caso não tenha nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetraviral, deverá receber apenas uma dose. Gestantes de 30 a 49 anos, caso não tenham nenhum registro de dose da vacina tríplice ou tetraviral, deverão receber NO PÓS-PARTO uma dose da vacina.
– Profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, dentistas e outros), independentemente da idade, devem ter duas doses válidas da vacina tríplice viral documentadas.
– Profissionais de transporte (taxistas, motoristas de aplicativos, motoristas de vans e ônibus), profissionais do turismo (funcionários de hotéis, agentes, guias e outros), população privada de liberdade, viajantes e profissionais do sexo devem manter o cartão de vacinação atualizado conforme os esquemas vacinais de acordo com a faixa etária.
Bloqueio vacinal:
– Deve ser realizado no prazo máximo de 72 horas após a notificação do caso. O bloqueio vacinal é seletivo.
– Contatos a partir dos 6 meses até 11 meses e 29 dias devem receber uma dose da vacina tríplice viral. Essa dose não será válida para rotina da vacinação, devendo-se agendar a dose ‘1’ de tríplice para os 12 meses de idade.
– Contatos a partir dos 12 meses até 49 anos de idade devem ser vacinados conforme as indicações do Calendário Nacional de Vacinação.
– Contatos acima de 50 anos que não comprovarem o recebimento de nenhuma dose de vacina devem receber uma dose de tríplice viral.
Fonte: hojeemdia.com.br por Renata Evangelista