Os diversos métodos de imagem estão bem estabelecidos na avaliação e diagnóstico das afecções musculoesqueléticas, com papel fundamental no planejamento dos diferentes tratamentos, sejam eles conservadores ou cirúrgicos, fornecendo imagens que podem ser manipuladas por meio de softwares específicos para obtenção de reformatações tridimensionais. No entanto até então, estas reconstruções tridimensionais estavam disponíveis apenas em arquivos digitais ou impressões em filmes radiográficos ou papel. Estas formas tradicionais de documentação das imagens nem sempre permitem ao cirurgião ter a real noção sensorial de profundidade e conhecimento das relações anatômicas tridimensionais, no planejamento de diferentes tipos de procedimentos cirúrgicos. Recentemente, tem sido utilizada de forma crescente a Impressão 3D de exames de imagens para se obter uma análise mais realista e de maior acurácia, mediante a criação de modelos tridimensionais.
A Impressão 3D ou prototipagem é um conjunto de métodos usados na criação de objetos sólidos tridimensionais (modelo ou protótipo), partindo de arquivos digitais. Existem diferentes formas de Impressão 3D, sendo uma das mais populares a que usa técnica de processamento aditivo, na qual o objeto é criado camada a camada, por sucessivas deposições de um polímero plástico de alta resistência.
Tudo começa com o desenvolvimento do arquivo digital 3D. Este arquivo é obtido por meio da aquisição de imagens seccionais em equipamentos digitais, tais como Ressonância Magnética , Tomografia Computadorizada ou mesmo Ultrassonografia 3D/4D. O arquivo digital é então analisado e trabalhado em softwares chamados CAD (Computer Aided Design), conforme a necessidade de cada situação. Após o desenvolvimento do arquivo digital 3D, o software de modelagem divide o protótipo em centenas a milhares de finas camadas horizontais, preparando o arquivo para impressão. O arquivo digital pode então ser carregado numa impressora 3D, para que seja impresso.
A Impressão 3D já é realizada na prática em clínicas em diversos países, tendo demonstrado um grande impacto na precisão e na segurança dos procedimentos cirúrgicos. A tendência atual mostra o rápido crescimento das possibilidades de aplicação da Impressão 3D na medicina, já tendo sido utilizada em diversas situações, inclusive no Brasil.
Dentre as múltiplas possíveis aplicações clínicas e no ensino da medicina da Impressão 3D na imagem musculoesquelética, destacam-se neste artigo o uso desta técnica no planejamento pré-operatório de procedimentos complexos, que exigem alta precisão, como as cirurgias para tratamento de deformidades da coluna e de fraturas complexas, assim como para confecção de modelos de órteses e próteses individualizadas para a anatomia e necessidade de cada paciente.
Acredita-se ser inevitável que nos próximos anos, haja o crescimento da aplicação da técnica de Impressão 3D na medicina como um todo, com destaque para a área da imagem musculoesquelética, pois sua incorporação permite a otimização de protocolos de boas práticas, oferecendo maior efetividade aos profissionais envolvidos e possibilitando melhores resultados com potencialmente maior segurança para os pacientes.
A: Corte axial de Tomografia Computadorizada demonstrando lesão osteolítica no corpo da mandíbula à direita (seta). B: Reconstrução tridimensional volume rendering da Tomografia Computadorizada da mandíbula. C: Arquivo digital da mandíbula em 3D sendo analisado e trabalhado no software de desing gráfico CAD. D: Aspecto final do protótipo da mandíbula impresso em 3D para modar material de osteossíntese antes da cirurgia.
Fonte: Radiologia na Palma da Mão por Prof.Me. Raphael Ruiz
Imagem: Google