Doze de setembro de 2019. Um dia comum para os funcionários do Hospital Badim e seus pacientes que passavam por recuperação. De repente, um curto circuito no gerador seguido de uma fumaça preta. As câmeras de segurança mostram um ambiente bagunçado onde estava localizado o gerador, junto com macas espalhadas e até um carro estacionado. Pessoas conversam normalmente, nenhum sinal de preocupação para o perigo que estava por vir.
Apesar das faíscas e da fumaça indicarem que algo não estava normal, a impressão é de que a ficha dos funcionários não cai. A fumaça começa a invadir outros andares, os pacientes começam a sentir cheiro de queimado. Ninguém sabe muito bem o que está fazendo e muito menos o que fazer. Passam-se oito minutos.
Uma movimentação com extintores é vista. Aparentemente, tudo está retomando o seu estado natural, quando de repente ouve-se um estrondo. As câmeras registram uma fumaça preta tomando conta do recinto ao mesmo tempo em que funcionários e pacientes tentam fazer às pressas a evacuação do hospital.
Parece a cena de um filme: uma rua coberta por colchões e pacientes, instrumentos hospitalares, enfermeiros, médicos, técnicos, assistentes e até vizinhos se revezando entre atender os acamados nos leitos improvisados, resgatar mais vítimas e salvar a própria vida.
É decretado o caos. Catorze mortes confirmadas. (Quinze mortes, atualizado em 26.9.19)
Como entender uma tragédia?
Segundo reportagem apresentada no Fantástico, fica muito clara a falta de preparo dos profissionais para agir em situações não programadas. Mas como se programar?
A investigação em torno do que pode ter causado o incêndio começou e pode levar muito tempo para ser finalizada. A solidariedade marcou a ocasião, já que colaboradores do hospital, acompanhantes e vizinhos se mobilizaram para salvar vidas.
Mas ficam alguns pontos para reflexão. Como o profissional da saúde pode se preparar para atuar diante de situações assim? Aprender como agir mediante o risco é algo relevante para os hospitais?
Quanto tempo no cotidiano hospitalar é destinado para instruir a equipe de colaboradores em situações de tragédia? Como compreender que o risco quase nulo pode ser algo iminente e destruidor, como foi o caso?
Os profissionais estão realmente preparados? Por que ninguém se preocupou com o cheiro de fumaça? Qual foi a conduta da liderança?
As perguntas não cessam. A grande é questão é que pessoas morreram, outras ficaram feridas, inclusive enfermeiros e técnicos precisaram ser internados por inalarem a fumaça tóxica na tentativa de salvar outras pessoas. Imagine sair de casa para mais um dia de trabalho e terminar na cama de outro hospital. Imagine aguardar a recuperação e de repente se ver em um cenário de caos com o seu quadro de saúde pior.
Como você, profissional de saúde, enxerga a administração do hospital em que trabalha depois dessa tragédia?
Fonte: Enfermagem de Conteúdo
Imagem: Google